sexta-feira, 30 de abril de 2010

O ÚLTIMO TANGO EM PARIS..CLÁSSICO..SHOW DE MARLON BRANDO..SEM DÚVIDAS O ATOR PREFERIDO DE JOHNNY DEPP...

O tango da beleza e da solidão


por ruth de aquino |
categoria Uncategorized

tango
Amo este filme do Bertolucci. O último tango em Paris. Perdi a conta de quantas vezes eu vi, a primeira vez de propósito em 1972, quando foi lançado, e depois, quase sempre, por acaso. Em Paris ou no Brasil, na televisão. Revi no último domingo. A interpretação de Marlon Brando é magistral. Jean-Pierre Léaud e Maria Schneider também convencem. Mas são coadjuvantes. A fotografia de Vittorio Storaro é bela, o cenário é magnífico, tanto o apartamento vazio quanto as ruas e a ponte imponente de Bir Hakeim, que cruza o rio Sena, junto ao metrô de Passy, em Paris. O filme me toca, claro e obviamente, pela força das cenas de sexo. Acho genial, erótica e ousada a cena da manteiga – lubrificando o sexo anal. Mas o filme me toca, sobretudo, pela poesia, pela tristeza, insegurança e solidão dos personagens.
Por isso, ao ler o artigo (sempre bem escrito e sincero) de meu colega Ivan Martins, fiquei absolutamente surpresa com sua resenha, de um homem maduro que se choca  com o roteiro quase quatro décadas depois. Na época em que foi lançado, o filme foi considerado “obsceno” por alguns e até proibido em certos países. Hoje…Não, hoje não.
Sabemos que a verdadeira arte se presta a interpretações totalmente subjetivas. O que indigna alguns pode sensibilizar outros. Nem de longe chamaria Brando no filme de um exemplo de “besta anacrônica”. Ou de “macho majestoso”. Seu personagem – um americano exilado que acaba de saber do suicídio da mulher – sofre muito, e faz sofrer. Mas, quantas vezes isso acontece de homem para mulher… e de mulher para homem? Por que os homens são apresentados como algozes e as mulheres como vítimas coitadinhas? Não se pode crer que Maria Schneider, na vida real, tenha sido internada em clínicas psiquiátricas, tenha sofrido com drogas e tentado se matar simplesmente porque, no cinema, Brando a comeu forçadamente com manteiga num apartamento em que os dois se encontravam por vontade própria para fazer sexo sem dizer os nomes.
Maria Schneider ficou « marcada » por essa cena ? Como assim  ? Eu me sentiria muito conservadora se achasse que a morena sensual de seios grandes e quadris estreitos « não teria resistido psicologicamente » ao filme. Ela nunca foi julgada com severidade – a não ser por preconceituosos que não entendam de cinema. E esses não contam. Eu diria apenas que Brando já era um ator muito melhor do que ela, muito acima da média, e convencia mais no papel de sofredor. Tanto que, no filme, a personagem de Schneider acaba bem mais inteira do que ele, com a vida toda pela frente. Brando termina a mendigar amor. Inseguro, dividido, frágil, pirado, velho.
Qualquer cineasta moderno pode colocar no telão qualquer exemplo de sociopata – homem ou mulher. Difícil é fazer isso sem clichês. E produzir um clássico que resista aos tempos e a análises maniqueístas sobre papéis de homem e mulher. Claro que há lugar e sempre haverá, no mundo, para machos não domesticados…e fêmeas não domesticadas também. Sempre haverá lugar para sexo mais e menos convencional, com e sem amor.
Não acho O Último Tango um filme masculino nem feminino. Muitas mulheres fantasiam sexo com desconhecidos, ou sexo poderoso, visceral, com machos que as tornem submissas. Brando, no filme, também se faz submisso à beleza juvenil de Schneider. Também se faz perdido. Louco. Mas « independente » ? De forma alguma.
Muito mais já se falou sobre esse filme polêmico. Críticos, especialistas. Não sou especialista em cinema. Só falo aqui como mulher – e amante do cinema.
Senti muito mais pena de Marlon Brando do que de Maria Schneider neste filme. A manteiga é um acessório até carinhoso, eu diria, para não machucar, e aquela cena excitou homens e mulheres no mundo inteiro. Nos anos 70, não foram poucos os casais que imitaram. Ainda não havia KY. Mulheres não são santinhas. Homens não são bestas machistas. Schneider e Brando queriam o mesmo. Tanto é que ela sempre voltava ao apartamento para encontrá-lo. Mesmo noiva. De um rapaz certinho e delicado.
Não se enganem: somos, mulheres e homens, soberanos. E escolhemos sofrer ou não por amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS MIL FACES DE JOHNNY DEPP

JOHNNY DEPP

JOHNNY DEPP



HUMOR DA NAHH

The current mood of nahh at nahh