Um encontro com Nikoletta Skarlatos
A Avon faz um trabalho muito interessante com os profissionais brasileiros trazendo regularmente alguns dos melhores maquiadores internacionais para dar dicas ou palestras. Naturalmente a gente que faz televisão há muito tempo está acostumado a trabalhar com esse tipo de profissional que com absoluta justiça os americanos chamam de “Make-up Artists”. Por que com a evolução dos cosméticos é isso que eles são.
Acho uma piada quando alguém chega de machão num estúdio e diz: eu quero só pozinho... Azar dele. Sem o maquiador a gente está perdido, fica podre, cheio de manchas e pintas, ainda mais agora com o maldito, mas inevitável Alta Definição (uma coisa que a Globo ainda não se tocou é incrementar sua maquiagem de novelas, adequando as novas técnicas.
Por que reclamo? Quando gravo nos EUA, na TNT, a excelência do trabalho do maquiador é fundamental. Se estava fotografando bem este ano no Oscar foi devido ao cuidado que ele teve). Enfim, é só um registro para testemunhar o apreço e admiração que eu tenho pela classe.
Na minha longa carreira, já encontrei todo tipo de maquiador e me dei bem com todos. Alguns viraram amigos queridos. Mas confesso que nunca tinha visto uma figura tão exuberante, tão notável quanto a Nikoletta Skarlatos, que é uma mulher linda, uma verdadeira estrela. Neste momento em que Johnny Depp está em cartaz com Piratas do Caribe IV ela também merece os cumprimentos porque foi a maquiadora pessoal dele, neste filme e nos dois anteriores.
Na verdade, a carreira dela é impressionante e o IMDB lista ao menos 45 títulos, alguns deles blockbusters. Ela confessa que não gosta de trabalhar em filmes tão grandes, que passam meses em produção. Prefere produções menores, onde é possível ter maior liberdade e interferência. Diz que há pouco no Canadá chegou a conversar com o Walter Salles enquanto estava rodando On the Road, na esperança de um projeto futuro. Fernando Meirelles é outro com quem gostaria de trabalhar assim como a indiana Mira Nair.
Naturalmente só tem elogios para Johnny Depp com quem tem uma longa história. O primeiro filme que fizeram juntos foi o projeto mais pessoal do ator, The Brave/O Bravo 97, justamente o único que ele dirigiu. Conheceu-o na preparação do projeto e isso permitiu que ela ficasse muito amiga e convivesse muito com outra lenda que era amigo de Johnny e só fez o filme por isso, Marlon Brando. Para os dois, só elogios, e como boa amiga, poucas indiscrições.
Como o nome indica, Nikoletta é grega de nascimento, de origem judia e também flertou com a chance de ser cantora e atriz. Tem dois créditos como atriz, o telefilme Max Está em Perigo, 95, como guia turística e Night Train, 2000. Pelo exemplo que vi, se sairia bem nas duas funções.
Mas o fato é que ela deve ser mesmo uma das profissionais mais requisitadas do momento porque também está em cartaz com Thor e no novo Spider Man, embora ela tenha especial carinho pelo novo filme chamado The Imortals, onde ela pode também fazer o designer da maquiagem.
Quem dirige é uma figura muito especial, Tarsem Singh, uma realizador indiano que ficou famoso pelo incrível visual de seus filmes (A Cela , Dublê de Anjo/The Fall). A estrela é Henry Cavill, que é o novo Superman (bom ator ela confirma, mostrando uma foto onde ele foi inteiramente maquiado, porque sua pele é branca como a de uma toalha de mesa).
Dos outros diretores que trabalhou, tem especial gosto por Michael Mann, com quem fez Miami Vice. Discutimos um pouco sobre o realizador, por quem não tenho tanta admiração. Ela discorda, mas admite que o trabalho de Miami foi muito difícil, quase sempre cenas noturnas e muita coisa se perdeu na montagem. Houve sequências inteiras que foram reduzidas a segundos. Mas é um diretor com quem adoraria voltar a trabalhar.
De Qualquer forma, seu curriculum é invejável, ainda mais para alguém ainda em relativo começo de carreira (incluem também Anjos e Demônios, O Solista, O Aviador, Spangles, Solaris, Vida Bandida, Indiana Jones e o Reino da Caveira do Diabo - portanto tem boa relação com Cate Blanchett).
E por enquanto ainda nenhum Oscar da categoria. Mas não concordou com a escolha deste ano, dando o prêmio para o Lobisomen, segunda ela o vencedor deveria ter sido Barney's Version/A Minha Versão do Amor, em que a barba de Paul Giamatti tinha que ser colocada fio a fio. Falamos muito mais mas não foi o suficiente. Entre abraços combinamos um próximo encontro em Hollywood. Que seja em breve.
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