domingo, 22 de maio de 2011

Johnny Depp, o ator que não queria ser ator


Como um desvio – bem calculado – do destino levou Depp a uma sucessão de papéis excêntricos e carismáticos e a uma rentável e elogiada carreira em Hollywood



Johnny Depp durante o lançamento de 'Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas'

Avesso ao tratamento de celebridade, Johnny Depp chegou a correr atrás de um paparazzo
Johnny Depp não larga o violão. No trailer de filmagens, em sua casa, no quarto de hotel, o instrumento o acompanha aonde for. "É o meu primeiro amor, desde garoto", disse em entrevista à revista Vanity Fair. Ele nunca quis ser ator, foi um desvio – bem calculado – do destino que o levou para esse caminho. 

Se o talento para as artes cênicas nasceu mesmo com ele, não vem ao caso. Depp cresceu para o estrelato, por mais que nunca o tenha almejado – e, até hoje, não aparente apreciá-lo. Nada pode enfurecê-lo mais do que ver sua vida nas páginas de jornais. Certa vez, chegou a correr com um pedaço de pau atrás de um de um paparazzo que tentou fotografar sua mulher, a francesa Vanessa Paradis, e seus dois filhos, Jack, hoje com oito anos, e Lily Rose, de 11. 

Em vez de se desculpar, ele negou que perdera a cabeça e, ao contrário, reiterou que pretende infligir o máximo de dor a qualquer um que roube de seus filhos o anonimato que possuem. Declaradamente, Depp não faz questão de se engraçar com o público e demonstra completa indiferença à opinião alheia, apesar de ser adorado nos cinco continentes por pessoas de todas as faixas etárias. 

Nenhum outro ator coleciona um currículo de personagens excêntricos e carismáticos como ele. Depp tem três indicações ao Oscar (pelo papéis de Jack Sparrow, em Piratas do Caribe, de J.M. Barrie no longa Em Busca da Terra do Nunca, e por Sweeney Todd em O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet), títulos de homem mais sexy do mundo pela revista People (em 2003 e 2009) e um cachê que atualmente ultrapassa a casa dos milhões de dólares. Mas quem disse que ele se envaidece com isso? Ao menos pelo que diz, Depp nem assiste aos próprios filmes. "Uma vez que meu trabalho no filme esteja terminado, não é mais problema meu", explicou ao jornalista americano David Letterman.

Excentricidades – De personalidade peculiar, ao mesmo tempo que tem os pés no chão ele aparenta operar em outro universo. Se veste de maneira descontraída, gosta de chapéus, óculos coloridos e roupas estampadas. Depp tem dentro de si um pouco de poderoso chefão e de vagabundo, uma mistura tão extravagante quanto boa parte de seus personagens. A inspiração para se reinventar, ele encontra na literatura – além de, naturalmente, na música. Consumidor voraz de livros, Depp é dono – aliás, guardião, como prefere ser chamado – de raridades que incluem um manuscrito com a caligrafia do poeta francês Arthur Rimbaud e a última máquina de escrever do escritor americano Jack Kerouac.
Divulgação
Johnny Depp em 'Edward Mãos-de-Tesoura' (1990)
Johnny Depp em 'Edward Mãos-de-Tesoura' (1990)
Outra curiosidade sobre o ator são os artistas que ele admira. Apesar de geralmente interpretar falastrões, Depp é fã do cinema mudo, de nomes como Buster Keaton, Lon Chaney Sr, John Barrymore e Charles Chaplin – este não podia faltar. Talvez seja esta a razão da eficiência nas expressões faciais e nos trejeitos que dá aos seus personagens. Seu ator preferido, no entanto, é outro, não menos monumental: Marlon Brando. Os dois chegaram a trabalhar juntos na estreia de Depp como diretor, no filme O Bravo – que amargou um estrondoso fracasso de público e de crítica. Outro longa nada popular estrelado pelo ator é Medo e Delírio, sobre uma das descidas abissais às drogas empreendidas pelo escritor Hunter S. Thompson.

Carreira – Nascido e criado nos Estados Unidos, John Christopher Depp II começou na indústria cinematográfica com o terror A Hora do Pesadelo, que lhe abriu caminho para bons filmes, incluindo o vencedor do Oscar Platoon, de Oliver Stone. Mas foi como protagonista de Edward Mãos de Tesoura, de Tim Burton, que Depp ganhou fama e prestígio. A parceria deu tão certo que se desdobrou em diversos projetos. Os dois trabalharam juntos no remake de A Fantástica Fábrica de Chocolate, em O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet e Alice no País das Maravilhas, para citar apenas alguns. 

O divertido e controverso capitão Jack Sparrow é um capítulo à parte na vida do ator. À exceção dos longas com Tim Burton, este foi o primeiro papel de Johnny Depp num filme de orçamento superior a 100 milhões de dólares. E por seu "excesso" de criatividade, quase perdeu o emprego. Para moldar o personagem, ele buscou inspiração no roqueiro Keith Richards, dos Rolling Stones, e por pouco não provocou um infarto nos executivos da Disney. Um personagem afetado, de dreadlocks e olhos pintados, numa aventura estritamente familiar. Houve quem dissesse que Depp poderia arruinar o filme. 

Mas o que ele fez, na realidade, foi salvá-lo. Calcado num roteiro cercado de clichês de mistério e ação, foram o bom humor e os trejeitos que Depp imprimiu ao seu personagem que conquistaram milhões de pessoas em todo o mundo. Piratas do Caribe quebrou recordes de bilheteria e o consagrou como um dos salários mais altos da indústria do cinema – estima-se que, pelo último longa, tenha recebido cerca de 84 milhões de reais. 

O irreverente capitão Jack Sparrow chegou aos cinemas nesta sexta-feira no quarto filme da franquia, Navegando em Águas Misteriosas. Depp logo poderá ser visto na pele do repórter Paul Kemp em O Diário de um Jornalista Bêbado, do diretor Bruce Robinson, que tem lançamento previsto para outubro nos Estados Unidos. Ele também vai ganhar o papel principal em Dark Shadows, o próximo trabalho de Tim Burton. Os dois filmes serão produzidos por sua empresa, a Infinitum Nihil.

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