sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Dustin Hoffman para GQ Brasil: dois Oscar, série de TV e sacanagem com Johnny Depp e Daniel Day-Lewis

Por Mariane Morisawa, para a GQ Brasil

Foto: Getty Images
Dustin Hoffman. No final da década de 70 e boa parte dos 80, esse era um nome absolutamente respeitado no cinema. Era ator maior. Ainda é, mas a profusão de novos nomes, uma sequência de filmes que não realçaram sua capacidade de atuação, colocaram Hoffman em outra prateleira. Ele debochou de si mesmo, fez comédia em que era coadjuvante, quase “escada” de outros, e papéis como em Todos os Homens do Presidente(1976), Kramer vs. Kramer (1979; ganhou um Oscar), Tootsie (1982), Rain Man (1988, ganhou outro Oscar) ficaram para trás, na memória de quem assiste cinema há muito tempo. Foram sete indicações como Ator Protagonista pela Academia. São poucos os que têm isso. Enfim, Hoffman percebeu que a TV, mídia nos EUA que retomou a dramaturgia de ótimos personagens, poderia ser seu novo canal, na sua idade – William Shatner (Star Trek) se recriou lá, ganhou até Emmy, por que não Hoffman? É esse o caso, já que ele estreia Luckno domingo (5), às 21h, na HBO. GQ Brasil conversou com ele, que continua com seu humor afiado – ele chega até a sacanear Johhny Depp e Daniel Day-Lewis, o que são poucos que podem fazer e os personagens da sacanagem até se sentirem lisonjeados.
Você vê muita TV?
Não sou muito de televisão. Eu assisto a programas de esporte, noticiário e documentários. Mas não há nenhuma série que eu tenha seguido. Quando eu vou para a cama, abro um livro.
Você faz um gângster que saiu da prisão e volta a apostar em cavalos. Você gosta desse tipo de jogo?
Eu nunca tinha apostado até me casar com minha segunda mulher – o pai dela era um apostador nato. Por coincidência minha mulher, desde os 6 anos de idade, costumava ir ao hipódromo de Santa Anita, na Califórnia, onde Luck se passa, com o pai e fazia anotações sobre os cavalos. Ele chegava às 6 horas da manhã e dizia para ela: “Anote K.S., que são kidney sweats (suor de rins), pois, se há brilho na região dos rins, não apostamos”. Era isso o que ela fazia. Mas fui ao hipódromo pela primeira vez com David Milch, criador da série.
Diverte-se interpretando um gângster?
Não acho que ele seja um gângster. É um homem de negócios nesse mundo. É mais fácil lidar com a máfia do que com Hollywood, corporações ou política, em que não há um código moral claro. Todos nós vivemos nesse ambiente em que não dá para confiar em ninguém. Então é um prazer interpretar alguém que está numa posição de deixar o outro saber que não deveria ferrá-lo.
Carrega seus personagens para casa?
Não, mas minha mulher diz que fiz isso algumas vezes. Ouço dizer que Daniel Day-Lewis vai ser Lincoln pelo resto de sua vida (risos). Eu não trabalho dessa forma, mas respeito. Vocês viram o Globo de Ouro? Viram Johnny Depp? O que era aquele sotaque (mais risos)?
Você está dirigindo seu primeiro filme, Quartet. Por que levou tanto tempo?
Foram anos para me livrar de meus demônios. Meu pai sempre quis ser diretor e eu não queria pisar no calo dele. Mas ele está morto agora. Dirigir não é a pior parte, a pior parte é descobrir como fazer o trabalho e não abandonar até ter certeza de que conseguiu. É uma metáfora para a vida.
Atuar na TV e dirigir seu próprio filme (Quartet) são formas de lutar contra a preferência de Hollywood pelos jovens?
Não é Hollywood. Talvez os europeus tendam a não tornar invisíveis as pessoas com mais de 50 anos. Nossa cultura, neste país, faz isso. Há um grande mercado que faz com que as pessoas tentem permanecer jovens, fisicamente e espiritualmente. Christopher Plummer ganhou um prêmio por Toda Forma de Amor e é muito raro conseguir um papel assim nessa idade. É a natureza do jogo.

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