quinta-feira, 10 de março de 2011

Estreia – Rango

Rango (Idem, 011) Direção de Gore Verbinski. Paramount. Vozes de Johnny Depp, Isla Fisher, Alfred Molina, Abigail Breslin, Timothy Olyphant, Ned Beatty, Bill Night, Ray Winstone, Harry Dean Stanton. 107 min.   
Atualmente, está na moda diretores de filmes de animação que passam a dirigir também filmes tradicionais com atores. Esta primeira animação da Paramount, que também entra no gênero (antes só distribuía os trabalhos da Dreamworks), representa o inverso: Gore Verbinski, célebre diretor da série Piratas do Caribe, passa a fazer um filme de desenho (por computador), embora seu primeiro longa, O Ratinho Encrenqueiro, tivesse todos os maneirismos e recursos desse tipo de filme.
O sucesso inicial na primeira semana nos EUA não esconde seu problema para o mercado brasileiro: não é um filme para crianças pequenas, que não irão entender muita coisa, muitas citações e também não estão familiarizadas com o gênero que satiriza o faroeste, há muitos anos fora de moda. É uma animação para adultos, ou no máximo , crianças com maior capacidade de observação e mesmo paciência. O problema é que não sei se já existe no Brasil esse público, ou seja, adulto que vá aos cinemas ver animação. Será?
De qualquer forma, o filme é muito talentoso, muito bem realizado e repleto de momentos para cinéfilos, embora, sem dúvida, o clímax seja a aparição do Homem sem Nome, uma citação óbvia de Clint Eastwood nos faroestes spaghetti (por alguma razão que não sei qual, ele recusou fazer a voz, e, no lugar dele, entrou Timothy Olyphant). Aliás, eu assisti à versão dublada em português, mas realmente preferia ter visto a americana - por exemplo, o Johnny Depp, que faz o protagonista Rango, lembra um pouco o cartaz de Medo e Delírio em Las Vegas, ou será que estou viajando? E Rango se refere a Django? (ao menos nada tem a ver com nossa gíria para comida).
Rango é um feio camaleão de estimação e que nunca viveu fora de seu aquário de vidro, mas está viajando com seus donos de carro quando é arremessado sem querer no meio do deserto, onde tem que sobreviver e viverá uma complicada aventura que mais parece um antigo filme de faroeste (só que no final com trama até ecológica).
Ele chega a uma cidadezinha (todos os habitantes são animais das mais diferentes espécies, todos bem desenhados) dominada por um banqueiro (que novidade... banqueiros mandam na gente!), que controla o que falta no lugar: água.
Nomeado xerife (porque andou contando vantagens e lorotas), ele passa por uma série de aventuras narradas em canção por um quarteto de corujas mexicanas que vivem apregoando sua morte eminente (o que é sempre muito engraçado).
É engraçado que alguns críticos discordem de mim (que acho que vivemos uma fase áurea da animação), acusando os filmes novos de serem pastiches de gênero, com pretensões a serem brinquedos de parque de turistas, sem invenção, divertidos, mas fáceis de esquecer. Não concordo e não vejo mal nisso.
Rango tem muito de bizarro no seu próprio herói de olhos esbugalhados e língua (comprida) solta e em todos os personagens, que são particularmente estranhos. E a sátira não é óbvia nem rasteira, até porque o gênero western já foi parodiado ao infinito. O diretor Gore conseguiu um visual interessante, original e intenso ajudado pelo mesmo designer da série Piratas, sempre um pouco fora de esquadro, fugindo dos padrões, por vezes até alucinatório (veja a figura a princípio, até assustador, do tatu que fala profecias como na literatura latino americana). O que é um grande elogio. Merece também destaque pela excelente e também referenciada trilha musical de Hans Zimmer.  Mas nem por isso deixa de ser uma aventura divertida, com grandes sacadas e que se assiste com prazer.

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