sexta-feira, 4 de março de 2011

Animação de Rango aborda temas adultos com irreverência



A partir do ponto de vista de um camaleão, criado como animal de estimação dentro de um aquário, é contada a história de “Rango”, longa-metragem de animação que volta a reunir o diretor e o astro da franquia “Piratas do Caribe”.
Tudo começa quando Rango (com voz de Johnny Depp, na versão legendada), o tal camaleão, literalmente cai do carro em que viajava, e se descobre em um lugar inóspito.
Enquanto vivia num aquário doméstico, Rango tinha a pretensão de ser ator e inventava histórias com os personagens que tinha à disposição, como um peixinho e uma boneca sem cabeça. Agora, precisa encarar a dura realidade. Mas não sem uma boa dose de imaginação.
O local onde foi parar lembra o deserto mexicano, ou algum lugar do Velho Oeste, principalmente por conta da parte arenosa e das corujas que cantam músicas com sotaque. E lá existe um grande problema: a falta d’água. Rango, cujo nome remete ao famoso personagem do western spaghetti Ringo, terá que se adaptar e lidar com figuras estranhas, corruptas e ardilosas para conseguir solucionar a crise da água, e, consequentemente, melhorar a vida dos que moram ali.
Além de enfrentar o calor, Rango precisará também encarar alguns inimigos, como o prefeito tartaruga, a cascavel assassina, capivaras que roubam bancos, répteis venenosos. Mas terá a ajuda de Feijão (Isla Fisher, de “Dois Penetras Bons de Bico”), uma lagarta.
Ele começa a ganhar respeito a partir do momento em que liquida (com uma bala) a águia que ronda a cidade e da qual todos, sem exceção, têm medo. Mas essa façanha gera outro problema…
Rango, que era um animal de estimação, começa a sofrer crise de identidade, inventando situações cada vez mais inusitadas. As cenas que decorrem de seu excesso de imaginação são engraçadas, principalmente quando temos a voz de Johnny Depp dando vida ao personagem. Destaque também para o Tatu, com a voz de Alfred Molina na versão legendada, cheio de lições de sabedoria.
Dirigido por Gore Verbinski (de “Piratas do Caribe”), o longa-metragem apresenta uma grande evolução no que diz respeito à tecnologia de criação dos personagens, desde sua pelagem e todo o desenho desenvolvido com a ajuda do computador.
Além dos westerns italianos, a fita remete à iconografia clássica do gênero americano, como os filmes de John Ford e os inúmeros bangue-bangues de John Wayne, como “Bravura Indômita”, que foi refilmado pelos irmãos Coen recentemente.
Não apenas pelas referências, mas pelo tema e técnica empregada, o filme da Nickelodeon/Paramount revela-se um bicho raro, uma animação que consegue se destacar no gênero que tem como paradigmas as produções da Disney/Pixar e DreamWorks, estúdios responsáveis por histórias como “Toy Story” e “Shrek”, respectivamente.
Para fazer a animação, o diretor contou com a ajuda de especialistas em filmes live-action (com atores reais). Sua equipe montou um verdadeiro saloon, com um bar de madeira e portas de vai-e-vem, para que os atores interpretassem as cenas enquanto estivessem gravando suas vozes. E, com Hans Zimmer (“A Origem”) encarregado da trilha, a sensação de cinema tradicional claramente incorpora-se à animação. Ou seja: tudo para parecer de verdade. E deu certo!
Com bom humor e muita criatividade, “Rango” trata com irreverência de temas complexos e adultos, como corrupção, falta d’água e escassez, coisas que, infelizmente, nos são tão caras. Talvez por isso os mais velhos se divirtam mais que as crianças. No limite, existe a chance de os pequenos aprenderem como é difícil ser adulto por conta dos problemas que enfrentamos.
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Rango

(EUA, 2011)

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