quinta-feira, 24 de junho de 2010

Galvão Bueno: Campeão do Twitter

Como a brincadeira com o locutor se tornou recordista de acessos no mundo
NELITO FERNANDES
Zé Paulo Cardeal
SORRINDO
Galvão ficou chateado com o “Cala boca”, mas se rendeu à campanha
ÉÉÉÉÉ... É DO BRASIL!!!!! Poucos minutos depois de a cerimônia de abertura da Copa do Mundo começar, a competição já tinha um vencedor: Galvão Bueno. O locutor da TV Globo foi o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter no mundo inteiro no dia da festa e, pelo menos até quinta-feira, não saía dos dez mais. Embalada num truque de aparência ecológica, a frase “Cala boca, Galvão!” ganhou o mundo e foi repetida milhões de vezes, numa corrente para a frente que levou Galvão às páginas do New York Times e do El País. Haaaja coração!
Enquanto o “cala boca galvao”, assim, sem til nem artigo, rodava o ciberespaço, os estran-geiros se perguntavam o que era isso. E as explicações foram mais hilariantes que a própria brincadeira no Twitter – assim, levaram a galhofa brasileira ao topo das listas de piadas globais da internet. A explicação mais elaborada estava no vídeo Save Galvao birds, visto por mais de 700 mil pessoas no YouTube até a manhã da quinta-feira. Com imagens bem produzidas e narrada por um locutor inglês, a peça publicitária falsa explica que Galvão (galváo, na pronúncia inglesa) é um papagaio brasileiro, da Amazônia, ameaçado de extinção. O motivo: “Suas penas são arrancadas, vendidas em camelôs e usadas em fantasias de Carnaval; 300 mil pássaros são exterminados por ano”. Cada mensagem postada no Twitter geraria 1 cent para salvar o pássaro. A ideia partiu do produtor de vídeo paulistano Fernando Motolese, de 27 anos, e fez bombar o “cala boca”. Além do vídeo, um cartaz do Instituto Galvão também circulou pela rede. E surgiu no Orkut uma comunidade pelo salvamento dos Galvõezinhos. “O Brasil mostrou sua força para o mundo inteiro”, diz Motolese.
A piada ganhou uma proporção tal que o próprio Galvão acabou aderindo à brincadeira no ar, durante o programa Central da Copa. Disse que Ayrton Senna já lhe dera o apelido de papagaio e devia estar rindo muito disso tudo lá no céu. “Eu estou com o papagaio e não abro. Estou na campanha a sério”, disse Galvão, sorridente.
Nos bastidores, porém, a coisa não foi levada tão na esportiva assim. Quando a brincadeira começou a se espalhar, Galvão ficou irritado, o que é compreensível. Ele se recusou a dar entrevistas a jornais sobre o assunto, afirmando que queria “focar na Copa”. A campanha cresceu. No jogo de estreia do Brasil, uma faixa da torcida em que se lia “Cala Boca Galvão!” apareceu na transmissão da própria TV Globo, que reproduzia imagens geradas pela TV africana. A direção da emissora avaliou, então, que Galvão deveria entrar na brincadeira, com bom humor, como alguém que é apelidado pelos colegas e faz piada de si mesmo. Nem a plateia do programa Central da Copa acreditou quando o apresentador Tiago Leifert pediu um corinho de “Cala a boca, Galvão”. Como ninguém respondesse, ele mesmo incentivou: “Pode falar”. E fez-se o coro. Pode isso, Arnaldo?
“Se estivéssemos preocupados, não teríamos entrado na brincadeira. Só repercute o que é popular. Neste caso, muitíssimo”, diz o diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger. “O Twitter fala com milhares, o Galvão com milhões. O resultado foi mais positivo com o flairplay mostrado por ele.”
Carlos Eduardo Galvão Bueno é carioca do bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Filho de um diretor de rádio e de uma atriz, estudou economia e administração, mas se formou em educação física. Apaixonado por basquete e futebol, estreou como comentarista em 1974, depois de vencer um concurso para repórter no programa Disparada esportiva, da Rádio Gazeta. Seis anos depois, estreava na Globo para narrar a Fórmula 1. Sua primeira cobertura de Copa do Mundo foi na Espanha, em 1982. Em 1986, chegou a sair da emissora, para onde voltaria em 1993. Tem contrato até 2014 e costuma dizer aos amigos que quer ficar mais. Estima-se que seu salário gire em torno de R$ 1 milhão por mês – ele não tem participação em comerciais porque não faz merchandising. Desde 2008, mora com a família em Mônaco.
Com uma exposição tremenda no mundo dos esportes, é claro que Galvão não é unanimidade. Entre os espectadores, há os que o amam (a maioria, a julgar pela audiência e pelas pesquisas da TV Globo), há os que lhe são indiferentes, há os que o detestam e há os que amam odiá-lo. Entre os colegas também existem queixas. Seu jeito bonachão conquista. Mas ele às vezes exagera. Atropela a fala dos outros, nunca se cala. Quem acha que não existe almoço grátis é porque nunca saiu com ele. Galvão adora pagar a despesa de todo mundo. Mesmo assim, há quem interprete a generosidade como ostentação.
Galvão conta com um forte grupo de admiradores. Pedro Bial é um deles. “O Galvão é, indiscutivelmente, o melhor narrador esportivo da história da TV brasileira. Conhece profundamente não apenas futebol, mas esportes tão díspares como equitação, Fórmula 1 e badminton”, diz. “Todo líder, e Galvão é um líder, que faz a coisa certa e com isso angaria popularidade sofre uma natural parcela de rejeição.” O jornalista e apresentador do Big Brother lançou uma contracampanha no Twitter, “falagalvão”, que já foi repetida por outros simpatizantes famosos, como Luciano Huck. Esses fãs – assim como a imensa maioria dos brasileiros – torcem mesmo é para ouvir Galvão gritar, com seu tom de voz inconfundível: “É hexa, é hexa, é hexa!”.
Leonardo Wen
O CRIADOR
Motolese, produtor de vídeo, diante da imagem de um papagaio. É dele o viral Save Galvao birds, visto por mais de 700 mil no YouTube

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