quarta-feira, 20 de outubro de 2010

20 filmes essenciais dos anos 90-Edward Mãos de Tesoura está na lista..

Edward Mãos de Tesoura
(Edward Scissorhands, USA, 1990)

Sabe aquele cachorro aleijado que, de tão feio, a gente acha bonito? Ou aquelas histórias assustadoras que, apesar do medo, a gente teima em escutar? Pois é. Esse fascínio que o ser humano tem pelo “incomum” e pelas fantasias obscuras do subconsciente, ninguém soube explorar no cinema dos anos 90 tão bem como Tim Burton. Hoje um cineasta “do cinemão”, Tim sempre comeu pelas beiradas, alternando “filmes de estúdio” com outros mais autorais, onde sempre flerta com universos paralelos e imagens estranhas que mente humana cria. Uma experiência visual intensa (como quase todos os seus filmes), a história do menino que tem as mãos trocadas por tesouras e que acaba alterando o cotidiano provinciano de uma pequena cidade tinha grande potencial para o mau gosto. Nas mãos de Tim (e na pele de Johnny Depp, em seu primeiro grande papel), o filme caminha poético (e profundo), sem nunca vulgarizar ou ultrapassar a (tênue) linha da delicadeza e da sugestão. Uma honesta fábula sobre as diferenças.

Uma Linda Mulher
(Pretty Woman, USA, 1990)

Tudo bem, eu sei que “Uma Linda Mulher” tem um roteirinho simples, que não apresenta nada de novo. Tudo bem, eu sei que o diretor Garry Marshall não ousa nada e não tem um estilo. Tudo bem, eu sei que a idéia vendida pelo filme é um franco elogio ao capitalismo e ao poder que o dinheiro tem de transformar qualquer pessoa em príncipe ou princesa. Ainda assim, a comédia romântica sobre a relação entre uma graciosa prostituta e um financista solitário ganhou o mundo. Quase sem querer, “Uma Linda Mulher” colocou as comédias românticas em um outro patamar de bilheteria e acabou se tornando uma espécie de “cartilha” do gênero, seguida a exaustão pelos filmes que vieram depois. Não há como não torcer e se apaixonar por um casal tão improvável e isso, afinal, é o objetivo desse romance inverossímil, doce e ingênuo como um conto de fadas. Esta "Cinderela Moderna" fez de Julia Roberts uma estrela, renasceu Richard Gere e provou que, em alguns casos, um casal carismático e em perfeita sintonia pode transcender um roteiro bobinho e transformá-lo em um grande sucesso.

O Silêncio dos Inocentes
(The Silence of the Lambs, USA, 1991)

Responda rápido: quantos filmes sobre “serial killers” você já assistiu nos últimos 20 anos? Com certeza, muitos. A “culpa” dessa tendência, com certeza, recai nas costas de Jonhathan Demme e o seu “O Silêncio dos Inocentes”. De experiências escapistas (“Pânico”, “Lenda Urbana”) a outras mais densas (“Seven” e etc.) este tipo de assassino nunca encontrou uma figura melhor do que Hannibal Lecter, o psiquiatra canibal vivido de forma perfeita por Anthony Hopkins. A relação desse monstro enjaulado com a novata do FBI (Jodie Foster) em busca de um assassino a solta é dissecada de forma intensa, em um filme em que tudo colabora: da inventiva direção de arte à trilha sonora, cada plano parece minuciosamente estudado para criar uma constante sensação de tensão, em um filme sem tréguas. “O Silêncio dos Inocentes” conquistou um respeito inédito da crítica ao gênero e abocanhou os 5 principais Oscars daquele ano (filme, diretor, ator, atriz e roteiro). E Jodie Foster e Anthony Hopkins ganharam tudo o que uma dupla de atores poderia querer: um diretor inspirado, um duelo hipnótico de interpretações e dois personagens de fazer história.

Thelma & Louise
(Thelma and Louise, 1991)

Isso sim é um filme para a mulher moderna e deveria servir de modelo para as milhões de personagens femininas que pipocam diariamente em uma enxurrada de filmes românticos sem muito conteúdo. Ironicamente dirigido por um cineasta acostumado ao universos masculino (Ridley Scott de “Gladiador”) a jornada das amigas pelo interior dos EUA é um retrato da América e da vida suburbana que, vez por outra, nos aprisiona. De contravenção em contravenção, Telma e Louise tropeçam, se libertam, aprendem e transformam – a si mesmas e ao espectador atento. Dá até saudades da Susan Sarandon dessa época, uma atriz que conseguia ser forte e, ainda assim, feminina e sensual. Mas é com Geena Davis, também ótima, que o espectador testemunha a transformação da dona-de casa insegura e submissa na mulher madura que conquista a sua independência, mesmo pagando um alto preço por isso. O filme balançou 1991, esquentou discussões feministas e recebeu prêmios mundo afora. O final trágico e corajoso já é antológico.

A Lista de Schindler
(Schindler´s List, 1993)

Tem que ser um diretor muito corajoso e seguro para lançar, em pleno 1993, um filme em preto e branco, de mais de 3 horas de duração, sobre um homem desconhecido do grande público ( Oskar Schindler) e sua luta para salvar, de alguma forma, os judeus da perseguição nazista na Polônia, na II Guerra Mundial. Fica mais interessante ainda quando lembramos que esse diretor é Steven Spielberg, conhecido como o “Peter Pan” do cinema e que, nesse mesmo ano, já havia detonado as bilheterias mundiais com “Jurassic Park”. Se o filme dos dinossauros também é emblemático da década, “A Lista de Schindler” firma-se, aqui, por motivos completamente diferentes: é o típico filme adulto, que arrebata quem assiste com um genuíno (e assumido) sentimentalismo, sem ser piegas. Exorcizando, de alguma maneira, sua própria história (Spielberg é judeu, como sabido), o diretor fez o filme-definito sobre o tema, ancorado por um roteiro esperto, uma fotografia lindíssima (de Janusz Kaminski) e interpretações marcantes do elenco, em especial de Liam Neeson (como Schindler) e Ralph Fiennes (iniciando a onda de “vilões” que interpretaria no cinema atual). Obrigatório.

“Jurassic Park”
(Jurassic Park, USA, 1993)

Vamos falar a verdade: quase sempre, a nossa vontade de ir ao cinema, passa pela necessidade humana da fantasia. Ser transportando para outros lugares, experimentar sensações diferentes da vida real, conhecer um universo impossível (e verossímil apenas na tela de cinema)... Decididamente, é uma delícia poder “viajar” neste tipo de diversão que o cinema proporciona. “Jurassic Park” é cinemão de Hollywood com tudo que ele tem de melhor: heróis bacanas, cenas de aventura e de ação de tirar o fôlego, cenografia imponente e aquela trilha sonora típica de John Willians, que fica na cabeça como um tema permanente dos heróis do filme. O filme, aqui, também deu uma bela revigorada na era dos efeitos especiais que, apesar de já povoarem os cinemas desde “Star Wars”, ganharam outros ares na imaginação de Spielberg, um dos primeiros a utilizar os recursos digitais para a (re) criação dos dinossauros na terra. Milhões faturados, multidões no cinema, “Jurassic Park” é um filmaço, feito para assistir com pipoca, guaraná e uma penca de amigos no sofá.

Forrest Gump - O Contador de Histórias
(Forrest Gump, USA, 1994)

Olhar para si mesmo é algo típico da natureza humana. Re-visitar a história, além de natural é também necessário para a construção da memória cultural de um povo, uma nação, uma família… Mas afinar este olhar, de constatação da história e reflexão, sob a ótica de um homem de QI bem abaixo da média, é bastante original. E ver nascer, desse olhar quase infantil sobre a recente história americana, um resultado tão positivo como “Forrest Gump” é mais que original. É um achado. O filme, de Robert Zemeckis, foi um estouro em 94. Tom Hanks estava no auge de seu talento e o colocou a serviço de uma história que é, na verdade, uma grande fábula. Afinal, Forrest, o menino de pernas tortas e dificuldade na aprendizagem conseguiu ensinar Elvis a dançar, foi herói de guerra, ajudou a revelar o escândalo de Watergate, deu entrevistas com Jonh Lennon, virou ídolo mundial de Ping Pong e muito, muito mais. Tudo isso, ali: na cara do gol, na boca da urna, na beirada do precipício muitas vezes sem saber o que estava acontecendo. Há quem enxergue, no filme, uma crítica a mediocridade norte-americana, onde um deficiente mental acaba por se tornar um herói nacional. Pode ser. Mas o que cala fundo é a percepção de que a verdadeira força do indivíduo não nasce nas idéias e que, nem sempre, é preciso entender racionalmente aquilo que se entende pela alma.

Pulp Fiction Tempo de Violência
(Pulp Fiction, USA, 1994)

No mundo pasteurizado do cinema americano (onde todos os filmes são parecidos), “Pulp Fiction” veio como uma lufada de ar fresco. A câmera ágil, o uso intenso das cores, os diálogos pop, a trilha sonora esperta e, principalmente, a montagem fora da ordem cronológica fizeram escola. Não há como ignorar o fato de que Quentin Tarantino virou, afinal, uma marca. Goste-se ou não do ex-atendente de locadora, é necessário reconhecer que ele tem um estilo próprio, uma linguagem só dele, reconhecida desde os créditos de abertura de qualquer filme que ele dirija. A violência no cinema nunca foi a mesma depois de Tarantino. Que cineasta americano teria coragem de colocar sangue e vísceras misturados a um diálogo sobre o nome dos lanches do Mc Donalds? A ironia e as referências pop somadas a essa violência gráfica já estavam presentes desde “Cães de Aluguel” mas foi com “Pulp Fiction” que o diretor foi arremessado ao Olimpo do cinema americano e sacudiu a caretice hollywoodiana com sua dose certa de ousadia e humor. Violência, Sangue, Dick Dayle, figurinos estilosos, overdose (e primeiros socorros), humor e Jonh Travolta dançando a “dança dos dedinhos” com Uma Thurman. Genial.

Um Sonho de Liberdade
(The Shawshank Redemption, 1994)

Há filmes que marcam pelas inovações. Normalmente são filmes arrojados, modernos e que derrubam padrões, subvertendo gêneros e dando nó na cabeça do espectador. Diferente disso, “Um Sonho de Liberdade” é como um bolo de chocolate feito pela nossa avó: não há novidade alguma, mas todos os ingredientes são tão bem escolhidos e frescos e tudo é preparado com tanta precisão que a receita fica perfeita e não há nenhuma sobremesa gourmet que se compare ao sabor final. O que, afinal, difere “Um Sonho de Liberdade” de tantos outros dramas? O filme, baseado em livro de Stephen King, é cinemão puro, quadradão, antiquado até. Mas não dá para ficar indiferente a longa saga de um prisioneiro até a sua liberdade. O cotidiano da prisão, as relações humanas que lá se estabelecem, a falha desse sistema institucional, as amizades e os aprendizados são desenvolvidos sem pressa por um diretor que sabe extrair o melhor de um elenco ímpar e de sua história, encontrando, em cada cena, o tom exato para fisgar a atenção e alma do espectador. A narração de Morgan Freeman e a humanidade presente em cada um dos prisioneiros (em especial o velho e "institucionalizado" chefe da biblioteca) são irresistíveis.

Toy Story - Um Mundo de Aventuras
(Toy Story, USA, 1995)

Nada mais óbvio que o motivo de “Toy Story” figurar nessa lista. Ele foi o primeiro longa metragem de animação digital a aportar nos cinemas em 95 e, nem é necessário dizer, moldou os rumos dos “desenhos animados” que nunca mais atingiram o sucesso na antiga versão 2D, feita a mão. Mas se só isso foi necessário para fazer de “Toy Story” um filme importante, é cabível dizer que o primeiro longa metragem da Disney em parceria com o estúdio Pixar foi muito além disso. A história da relação entre brinquedos e o seu dono (e o ciúme que um novo boneco causa ao antigo preferido) além de humana e bem conduzida, pavimentou o caminho da Pixar para o enorme sucesso cinematográfico de hoje. Não é exagero dizer que os longas metragem do estúdio, lançados anualmente, sempre encabeçam a lista dos melhores filmes (leia-se filmes mesmo, não animações) do ano. É impressionante constatar que a Pixar é a responsável por alguns dos mais delicados e sensíveis momentos do cinema contemporâneo e é estranho pensar que, muitas vezes, os personagens “desenhados” são capazes de nos levar as mais genuínas emoções. Seja com ratinhos cozinheiros, robôs apaixonados ou velinhos solitários, a inquestionável qualidade dessas obras não chegaria a maturidade se “Toy Story” não tivesse acontecido. Como diria nosso amigo Buzz: Ao infinito e Além!

As Pontes de Madison
(The Bridges of Madison County, USA, 1995)

Ok, vou confessar: talvez “As Pontes de Madison” esteja nessa lista somente por um gosto pessoal. Talvez o filme tenha marcado os anos 90 da minha vida e não seja, assim, essencial e definitivo para a década. Mesmo assim, o longa é repleto de méritos: a fotografia discreta e elegante, a direção objetiva mas repleta de sutilezas de Clint Eastwood, o roteiro delicado e - acima de tudo - o irrepreensível trabalho de Meryl Streep. Quando Aristóteles escreveu “A Poética” e falou a primeira vez sobre a identificação do espectador com um personagem e o poder que isso representa para a catarse do público diante do drama, o mundo ainda não conhecia Meryl Streep. Se ele ainda estivesse vivo, com certeza aplaudiria de pé a humanidade e o calor da interpretação da atriz, que transporta até o mais sisudo espectador para situação da esposa que, de repente, tem sua vida transformada pela intensa relação de amor com um fotógrafo itinerante. A dúvida, o desejo, a culpa pela infidelidade, a difícil escolha dessa mulher casada e mãe de família estão todas presentes na personagem e acompanham o público mesmo horas depois da projeção do filme. Sensível e profundo, “As Pontes de Madison” é o romance maduro e pé-no-chão da década de 90. Imperdível.

Trainspotting - Sem Limites” (Trainspotting, ESC, 1996)

Eu não sou um grande fã de Danny Boyle mas assumo que, aqui, ele é “o cara”. O diretor é só acertos em “Trainspotting”, um filme que marcou os 90 com sua representação dura e divertida da alienação característica da década, pelo olhar de um grupo de jovens amigos e viciados da Escócia. Sem medo de arriscar, o filme investe nas experiências visuais sem dó (alguém lembra do mergulho do jovem dentro de um vaso sanitário?) e capricha no roteiro esperto e na trilha sonora, obrigatória para o jovem da época. É de impressionar também a coragem do filme em ser tão honesto em seu retrato dessa descida ao inferno pelas drogas pesadas, com personagens que chegam ao fundo do poço em situações que testam os limites do espectador (basta lembrar de uma cena envolvendo drogas e um bebê). Alem de Danny Boyle, o filme ainda revelou Robert Carlyle e Ewan McGregor, atores talentosos e, principalmente, ousados. O final também quebra a cartilha da “redenção do viciado” (sempre presente em filmes que abordam o tema) preferindo mostrar McGregor de sorriso enlouquecido, vindo de encontro ao espectador acompanhado de uma narração repleta de ironia e do bacana som de Born Slippy do Underworld. Cool, very cool”

“Fargo”
(Fargo, USA, 1996)

É necessário ser inteligente para se divertir com um filme como “Fargo”. Não é todo mundo que saca, de primeira, a esperteza e irreverência da história do vendedor de carros neurótico e endividado que planeja o seqüestro da própria esposa e o executa através de uma dupla um tanto incompetente. Todos os erros desse seqüestro mal elaborado são um prato cheio para revelar a galeria de personagens bizarros deste misto de policial e comédia, que vai fundo em sua observação atenta do interior caipira norte americano. Abertos e livres para experimentar, os irmãos Joel e Ethan Coen constroem um divertido jogo de gato e rato, extraindo momentos impagáveis, que trafegam entre o patético e o irônico com agilidade e esperteza. A dupla, a partir daqui, afinou o olhar e acertou a mão, dominando o restante da década (e também dos anos que a sucederam) com seus filmes - digamos- peculiares. Frances McDormand achou o tom como a policial gravidíssima e obstinada e faturou um merecido Oscar. E “Fargo”, para o bem da década, recolocou a acidez e o humor negro no panorama do cinema americano. Ainda bem.

Titanic
(Titanic, USA, 1997)

Muita gente vai torcer o nariz ao ver “Titanic” aqui, principalmente agora que James Cameron voltou a ser assunto nas rodinhas de conversa por conta de seu megalomaníaco “Avatar”. Mas não dá para ignorar a importância que o filme teve na década, levando aos cinemas uma parcela da humanidade que, até então, não era assídua ou presente nas salas de projeção. Apesar do roteiro raso e do romance previsível (“menina rica ama menino pobre” é o maior clichê das telenovelas brasileiras), o filme faz da trajetória do transatlântico uma festa para os olhos, graças ao perfeccionismo de Cameron. O diretor trabalhou duro na reconstituição do navio e encheu cada fotograma de veracidade, presente em cada detalhe, da partida até o final da jornada, no impressionante naufrágio. O filme mais caro até então, foi a maior bilheteria mundial até o ano passado (todos já sabem quem tornou a levar o recorde) e é um belo representante da era dos megafilmes dos anos 90. Apesar de termos agüentado a cara de Leonardo DiCaprio na capa de TODAS as revista da época e de termos escutado incessantemente Celine Dion se esgoelando na música-tema do filme, não dá para ignorar o fenômeno. Cinema, afinal, também é espetáculo. Ou não?

O Show de Truman, O Show da Vida
(The Truman Show, USA, 1998)

Nenhum filme foi tão profético quanto “O Show de Truman”. Bem antes da onda de reality shows que dominou o mundo na década seguinte, o filme de Peter Weir já antecipava a moda na melancólica história de um homem comum que tem, desde seu nascimento, sua vida devassada pelos espectadores que acompanham o programa onde sua vida é transmitida. O jovem Truman (Jim Carrey, ótimo), diferente dos candidatos a celebridades de hoje, nada sabe: vive sem imaginar que tudo aquilo é um imenso cenário e que todos os detalhes de sua vida são milimetricamente decididos por uma equipe de televisão. Os amigos, os romances, as histórias enfim, tudo é criado por atores, roteiristas, produtores e o jovem entra em parafuso quando descobre que sua simples existência é uma grande mentira. Em 1998, a visão desse futuro era assustadora. Imagine viver, dormir, comer, escovar os dentes na frente de câmeras de TV? Visto hoje o filme, ironicamente, perde o ar da novidade. Mas a angústia do personagem ainda incomoda ao induzir a reflexão que, afinal, o filme propõe: a de que, em um mundo onde a vida comum vira entretenimento, o preço a se pagar por 15 minutos de fama pode ser muito alto. Saber que muitas pessoas sonham com esse tipo de exposição é de gelar a espinha. E é a prova de que, como “O Show de Truman” prevê, a vida do ser humano se tornou banal na sociedade atual. E descartável.

Central do Brasil
(Central do Brasil, BRA, 1998)

Eu nasci no início (início mesmo) da década de 80. Durante anos, portanto, eu nunca soube que existia "cinema brasileiro". Fora os títulos da Xuxa e de Os Trapalhões, cinema combinava com o Brasil, para mim, o mesmo tanto que Alexandre Frota combina com ballet. Aí, de repente, aconteceu a "retomada" e o resto é história. Sucessos nacionais como “Tropa de Elite 2” e “Nosso Lar” só existem devido aos primeiros filmes que se beneficiaram de leis de incentivo e recuperaram o gás da produção cinematográfica nacional no início dos 90. A década é, portanto, a década da retomada. Claro que, em 1998, a coisa já estava restabelecida e o Brasil já tinha até sido premiado com longas como “O Quatrilho” e “O Que é Isso Companheiro?” mas “Central do Brasil” ilustra o que houve de melhor nesse período fértil do cinema nacional. O sensível longa de Walter Salles utiliza a trajetória de transformação de uma mulher endurecida para revelar a alma do brasileiro, em um road movie sobre a segunda chance que não deve nada para os filmes estrangeiros. Beneficiado pela fotografia caprichada (que tem a oportunidade de revelar vários “Brasis”), por um tema musical inesquecível e pela poderosa interpretação de Fernanda Montenegro, o filme ganhou Berlim, concorreu a Oscar (inclusive como melhor atriz, feito inédito para o nosso cinema) e ajudou a colocar o Brasil no mapa da indústria cinematográfica mundial.

Beleza Americana
(American Beauty, USA, 1999)

No final da década, surgiu o filme definitivo sobre ela (pelo menos em partes): “Beleza Americana”, um drama ousado que apontou o dedo na cara do American Way of Life sem fazer muitas concessões. Kevin Spacey (onde ele anda, afinal?) retrata com perfeição o americano médio, sem muitas ambições que vive em uma bela casa com sua esposa elegante (Annette Benning) e sua filha adolescente (Thora Birch). O delicado equilíbrio dessa vida de convenções é quebrado quando ele se interessa por uma cheerleader, amiga de sua filha (Mena Suvari). Partindo desse mote, o diretor Sam Mendes radiografou a família americana com uma acidez impressionante, auxiliado por um elenco magnífico e uma interessante fotografia de Conrad L. Hall. Conforme o filme se desenvolve, somos convidados a observar de perto as personagens que, aos poucos, vão se revelando, como pétalas de uma rosa. A princípio, estereótipos da sociedade (o militar preconceituoso, a loira fútil, a adolescente rebelde e etc.), eles vão surpreendendo o espectador pouco a pouco com suas contradições, suas feridas e suas inadequações a essa “sociedade de vencedores”. Humano e poético como poucos filmes americanos (a cena do saco plástico virou referência), “Beleza Americana” deflagra que as pessoas que ousam romper os padrões da sociedade raramente são bem vindas.

Matrix
(Matrix, USA, 1999)

Talvez seja esse, afinal, o filme definitivo dos anos 90. Não existe fita de ação hoje em dia que não utilize o recurso “bullet time”, efeito usado pelos Irmãos Wachowski nesse interessante longa que mistura kung fu, tecnologia, filosofia e outras coisas mais. Keanu Reeves suou a camisa no papel do escolhido líder da revolução dos humanos contra as máquinas, em um mundo onde todos somos robôs controlados e presos a uma realidade virtual. De visual marcante, o filme imediatamente conquistou legião de fãs me todo o mundo e era comum pegar-se discutindo suas diversas teorias com amigos em uma mesa de bar. As roupas (couro preto e óculos escuros ficou cool), a trilha sonora e os efeitos foram imitados, parodiados, criticados, enfim: todos os sintomas de um filme que se torna objeto de culto foram percebidos em “Matrix”. As fracas continuações acabaram por tirar um pouco do brilho do filme mas, ainda assim, o longa conseguiu algo raramente alcançado no cinema blockbuster: divertir a beça e, ao mesmo tempo, colocar aquela pulga atrás da orelha do espectador. Vai tomar a pílula azul ou a vermelha?

Magnólia
(Magnólia, USA, 1999)

É comum assistirmos a filmes épicos com três horas de duração. Personagens históricos, guerras importantes e lendas medievais sempre resultam em filmes longos em produções com dezenas de personagens, atores famosos e “viés de importância”. Não raro, são filmes que abocanham (ou tentam, ao menos) os grandes prêmios anuais. É de se estranhar, portanto que “Magnólia”, um drama intimista, reúna todas essas características. Bem produzido e muitíssimo bem interpretado, este mosaico sobre a vida e suas coincidências virou um filme obrigatório entre os cinéfilos de plantão. Corajoso também em sua linguagem e repleto de referências, o drama capricha no desenrolar de sua intrigante trama e no desenvolvimento de seus inúmeros personagens, dando tempo para o espectador se envolver com cada uma das situações do filme. Mais do que isso, porém, o que faz “Magnólia” se destacar de outros bons filmes dos anos 90 é o seu diretor, Paul Thomas Anderson. Darling da crítica (e requisitado pelos mais famosos atores de Hollywood), pode-se dizer que Paul foi o último grande autor que o cinema americano revelou e um cineasta que corre o grande risco de escrever seu nome eternamente dos anais do cinema americano.

E agora? Faltou um! Qual filme deve ocupar um lugar na lista?

5 luxos e um lixo: papéis mais gatos de Johnny Depp

 top 5 de papéis dele, mas como o que interessa pra mim é o fato dele ser MUITO gato, nada mais justo que um top de papéis onde ele está mais sensual, right?

5 - Cry Baby



Quem não se lembra do garotinho rebelde que chorava de um olho só e vivia caçando briga com os "quadrados"?

4 - Don Juan de Marco


Sensualidade latina é pra quem pode. Johnny Depp pode.

3 - Chocolate


Me chama de cacau e me saboreia, Roux.

2 - Gilbert Grape


O rapaz sensível que leva a família problemática nos ombros seduz qualquer pessoa. E essa cara de bom-moço? Num aguento.

1 - Jack Sparrow


Só existe um cara sujo, suado e com dreads que eu encararia no mundo: Capitão Jack Sparrow.

LIXO: Willy Wonka



Os dentinhos. O cabelo. As roupas. Eu passo.

carmemandrade Vetorização do Johnny -aprovadíssimo carmen..parabéns..

AS MIL FACES DE JOHNNY DEPP

JOHNNY DEPP

JOHNNY DEPP



HUMOR DA NAHH

The current mood of nahh at nahh