sábado, 13 de fevereiro de 2010

Concorrente ao Oscar, 'Preciosa' é história de superação

Longa-metragem entra em cartaz nesta sexta-feira (12).
Trama traz adolescente obesa, analfabeta e grávida.
Da Reuters


Claireece Preciosa Jones tem 16 anos, é analfabeta e obesa. Ela frequenta a escola, mas é motivo de zombaria. Está grávida pela segunda vez - novamente, como resultado de um estupro de seu próprio pai. Sua mãe, em vez de a defender, acusa a garota de roubar o seu homem e a espanca. É um mundo cruel esse de Preciosa - mas um pingo de esperança a faz seguir em frente, apesar da baixa auto-estima e do desespero.

Essa é a premissa de "Preciosa", que estreia em circuito nacional nesta sexta-feira (12). O longa concorre a seis Oscar, entre eles, melhor filme, diretor, atriz e atriz coadjuvante. A personagem central é interpretada pela estreante Gabourey Sidibe, e é difícil imaginar o filme com outra atriz no papel-título. Ela é capaz de encarnar essa sofredora sem transformá-la em mártir, sem torná-la uma causa social, mas apenas uma garota de 16 anos que passou por uma vida cheia de abusos e que, mesmo assim, encontra um novo caminho.



Desde que estreou no Festival de Sundance, em janeiro de 2009, onde ganhou o prêmio de público e do júri, "Preciosa" conquistou dois fãs de peso: a apresentadora Oprah Winfrey e o diretor e comediante Tyler Perry ("Diário de uma louca").


  Esperança
O roteiro - indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado - baseia-se num romance da poetisa Sapphire, que foi professora no Harlem, onde conviveu com muitas garotas parecidas com suas personagens. O livro é uma homenagem a outro romance, "A cor púrpura", de Alice Walker - e que, aliás, torna-se fundamental na vida de Preciosa.

A esperança entra na vida da garota através da professora Blu Rain (Paula Patton, de "Déjà vu"), que Preciosa conhece quando se matricula numa escola alternativa, onde estudam garotas tão problemáticas quanto ela.

A professora é a única pessoa que mantém a fé em todas as alunas, esforçando-se para que aprendam a ler e escrever, entrem para uma universidade e mudem de rumo.

A diferença entre a senhorita Rain e todas as outras pessoas em torno de Preciosa e suas colegas é que a professora nota essas meninas - enquanto para o restante da humanidade elas parecem simplesmente não existir. Ela é a única capaz de ver além das aparências e da linguagem vulgar da protagonista e perceber que há uma menina desesperada ali que foi obrigada a crescer à força e sem opções.


  Violência
A mãe de Preciosa, Mary - interpretada pela comediante Mo'Nique -, não apenas ignora a filha, como também a transforma em sua serviçal e saco da pancadas.

As duas moram num pequeno apartamento no Harlem, de onde Mary praticamente não sai, passando todo o tempo diante da televisão. Um de seus raros contatos com o mundo externo é a visita mensal de uma assistente social, de quem depende a continuidade do recebimento do dinheiro da previdência social que sustenta a família.

Nessa ocasião, Mary manda trazer para sua casa a primeira filha de Preciosa, uma menina que vive com a avó e tem síndrome de Down.

Os únicos momentos de alívio na vida de Preciosa são suas fantasias, nas quais se imagina linda, rica e amada - especialmente por belos rapazes. Isso é apenas uma válvula de escape de uma garota que cresceu junto a pais que são verdadeiros monstros. O único momento em que Mary deixa transparecer um lado humano é no clímax, perto do final do filme - num diálogo que, se permite compreender suas razões, não a absolve dos trágicos erros em relação à filha.


  Por trás das câmeras
O diretor, Lee Daniels, tem em seu currículo apenas outro filme ("Matadores de aluguel"), além de outros como produtor - entre eles o premiado "A última ceia", de Marc Forster, que rendeu a Halle Berry o Oscar de melhor atriz em 2002.

Para aquele filme, a atriz deixou de lado qualquer glamour, entregando-se ao personagem. O mesmo acontece aqui com a cantora Mariah Carey - praticamente irreconhecível no papel de uma assistente social que toma o partido de Preciosa contra sua mãe.

Gabourey Sidibe, na sua composição da protagonista, é capaz de partir corações, sem nunca apelar para emoções ou lágrimas fáceis. O filme é o retrato de uma menina que tenta sobreviver a uma vida duríssima.

A atriz, em seu primeiro papel, é capaz de transcender rótulos e criar uma personagem cujo sofrimento parece tão real quanto sua humanidade. É fácil entender por que a professora e a assistente social compram a briga por ela - muita gente faria o mesmo.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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